Título
Entre a exaltação e o declínio: Museus no colonial e no pós-colonial: O caso moçambicano com foco no Museu Nacional de Etnologia (1956-1993)
Autor
Madureira, Tânia Isabel Guimarães
Resumo
pt
Partindo de uma análise geral do contexto museológico em Moçambique, esta tese tem como principal objeto de pesquisa o Museu Nacional de Etnologia, localizado no norte do país, na cidade de Nampula. Pretende-se fornecer uma análise das reconfigurações institucionais deste Museu, desde a sua criação em 1956, no período de vigência do regime colonial português, então designado Museu Comandante Ferreira de Almeida, até à sua posterior reformulação, após a independência de Moçambique, que conduziu à sua reabertura em 1993 como Museu Nacional de Etnologia. Argumenta-se que embora o Museu tenha sido apropriado, ora para validar a ocupação do regime colonial português, ora para veicular narrativas de unidade cultural no âmbito dos processos de
construção do Estado-nação independente, não deixou de estar isento de ambiguidades e várias dificuldades, expondo o quanto a ideia de hegemonia cultural e coerência institucional pode ser precária ou colocada em questão. A transformação pós-colonial em Museu Nacional de Etnologia contou com a cooperação internacional, sobretudo sueca e dinamarquesa. Neste sentido, um segundo argumento deste trabalho passa por problematizar os programas de cooperação internacional que tiveram lugar no Museu como uma reprodução de relações e atitudes da ideologia imperialista, salientando as convergências e disjunções que nasceram da atuação desses programas no terreno. Esta tese propõe assim a reconstituição das várias fases de exaltação e declínio do Museu, geradas pelas relações Norte/Sul Global, enquanto contributo para reconsiderar o papel e o lugar do Museu no seio da sociedade moçambicana.
en
This thesis has as its main object of research the National Museum of Ethnology, located in the north of the country, in the city of Nampula. It is intended to provide an analysis of the institutional reconfigurations of this Museum, since its creation in 1956, during the period of the Portuguese colonial regime, then designated Museu Comandante Ferreira de Almeida, until its subsequent reformulation, with the independence of Mozambique, which led to its reopening in 1993 as the National Museum of Ethnology. It is argued that although the Museum was appropriated, either to validate the occupation of the Portuguese colonial regime, or to convey narratives of cultural unity within the newly independent nation-state, it was not free of ambiguities and various difficulties, exposing how the idea of cultural hegemony and institutional coherence can be precarious or called into question. The post-colonial transformation into the National Museum of Ethnology relied on international cooperation, especially from Sweden and Denmark. In this sense a second argument of this work is to problematize the international cooperation that took place in the Museum as a reproduction of relations and attitudes of the imperial ideology, highlighting the convergences and disjunctions that emerged from the performance of these programs on the ground. This thesis thus proposes the reconstitution of the various phases of exaltation and decay of the Museum, generated by North/Global South relations, while contributing to reconsider the role and place of the Museum within Mozambican society.