A presente dissertação é um estudo de caso sobre o jornal «Mais Alto», órgão de divulgação da Força Aérea Portuguesa, no período de 1959 a 1974. A leitura atenta a este «lugar da memória», como ousamos chamar-lhe, permitiu-nos efetuar «um voo através dos tempos» ao encontro daquele que é seguramente o período mais difícil e controverso da história recente de Portugal, o do Estado Novo, e especialmente, daquela que ficaria conhecida por Guerra de África (do Ultramar / Colonial), de que o jornal «Mais Alto» é do primeiro, inevitavelmente fruto, dado o cariz institucional onde nasceu, e da segunda, testemunho, dada a data em que começou a ser publicado e dos acontecimentos que presenciou, e de que deu pública notícia. Tendo como universo analítico um jornal a metodologia utilizada passou necessariamente pela análise do discurso difundido, mas como numa publicação tudo é suposto comunicar, estivemos também atentos à foto-ilustração, à iconografia utilizada e, a toda a retórica e imaginário coletivo envolvidos. De tudo isto damos conta nesta «arqueologia» do periódico, não sem, cumulativamente, discorrer acerca da sua difusão, analisar a predominância entre divulgação e propaganda, e sobretudo, para fruto da leitura «situada» que fizemos, darmos voz aos articulistas do jornal e à «hipérbole nacionalista» que estes construíam e difundiram.

This dissertation is a case study of a journal, «Mais Alto», the organ of the Portuguese Air Force from 1959 to 1974. A careful reading of this «site of memory» – as we call it – allowed us «to fly over times» in order to grasp what is certainly the most difficult as well as most controversial moment of Portuguese recent history, the Colonial Wars in Africa. This journal is undoubtedly the result of this institutional context and at the same time a testimony of the political events occurred. By focusing on the study of this journal, the methodology used implied necessarily the analysis of the discourse as well as the examination of the iconography in order to point out the rhetorical and collective imaginary underlying this enterprise. Our aim is to provide «an archaeology» of a periodical along with an analysis of its dissemination and the tension between divulgation and propaganda. The privileged accorded to the main actors / reviewers of this journal and to their discourse helps to explain our «located» or situated analysis.