Título
Comunicação pais-filhos e ajustamento psicológico de crianças e adolescentes sinalizados e não sinalizados ao sistema de proteção português de crianças e jovens em risco
Autor
Lourenço, Mónica Raquel Pinheiro
Resumo
pt
A importância da comunicação entre pais e filhos reflete-se na extensa investigação
internacional. Contrariamente, a pesquisa nacional é escassa dada a falta de instrumentos de
avaliação adequados. Este estudo tem como objetivos: (1) adaptar e validar, numa amostra
portuguesa, a Parent-Adolescent Communication Scale (PACS), de Barnes e Olson (1985); e
(2) analisar a relação entre a comunicação pais-filhos e o ajustamento psicológico de crianças
e adolescentes sinalizados e não sinalizados às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens
(CPCJ), testando ainda se a sinalização modera essa relação. Participaram 186 crianças e
adolescentes (e alguns dos respetivos progenitores: 172 mães e 45 pais), entre os oito e os 16
anos, selecionados por conveniência, e recrutados presencialmente nas CPCJ ou em
estabelecimentos de ensino. As crianças e os adolescentes preencheram a adaptação
portuguesa da PACS, que avalia a comunicação aberta e os problemas de comunicação, e um
dos respetivos progenitores preencheu a adaptação portuguesa da CBCL, para avaliação de
questões do ajustamento psicológico (problemas de internalização e problemas de
externalização). Os resultados sugerem que a adaptação portuguesa da PACS é válida na
avaliação da comunicação pais-filhos e sensível a diferenças de idade. Na relação entre a
comunicação pais-filhos e o ajustamento psicológico verifica-se que, a comunicação aberta
com a mãe e os problemas de comunicação quer com a mãe quer com o pai predizem mais
problemas de externalização, a comunicação aberta com o pai prediz menos problemas de
externalização e os problemas de comunicação com a mãe predizem mais problemas de
internalização. Ainda que existam diferenças entre o grupo sinalizado e não sinalizado, não se
verifica, no entanto, o papel moderador da sinalização à CPCJ nesta relação.
en
The importance of parent-child communication is reflected in the extensive international
research. In contrast, national survey is scarce due to the lack of appropriate assessment tools.
This study aims to: (1) adapt and validate to a portuguese sample, Parent-Adolescent
Communication Scale (PACS) of Barnes and Olson (1985); and (2) analyze the relationship
between parent-child communication and the psychological adjustment of children and
adolescents referred and not referred to the Child and Youth Protection Services (in Portugal,
CPCJ), testing if referentiating those children moderates this relationship. 186 children and
adolescents (and some of their respective parents: 172 mothers and 45 fathers), between eight
and 16 years, participated in this study and were selected for convenience and recruited in
person in CPCJ or schools. Children and adolescents filled out the portuguese version of
PACS, which evaluates open communication and communication problems, while one of
their parents filled out the portuguese version of CBCL, to evaluate issues of psychological
adjustment (internalizing problems and externalizing problems). The results suggest that the
portuguese version of PACS is a valid measure for assessing the communication between
parents and children and sensible to age differences. About the relationship between parentchild communication and psychological adjustment, it is revealed that open communication
with mother and communication problems with mother and with father predict more
externalizing problems, open communication with father predict less externalizing problems
and communication problems with mother predict less internalizing problems. These results
also reveal that even though there are differences between groups, there is no moderating role
of the referentiating to CPCJ in this relationship.