Título
Perspectivas dos recursos humanos e medicina do trabalho sobre stress no trabalho: um estudo exploratório
Autor
Costa, Patrícia Lopes
Resumo
pt
Este trabalho tem como objecto as percepções de stress no trabalho de profissionais de
Recursos Humanos e de Medicina do Trabalho, e baseia-se no conceito de teorias leigas e nas
ideias da teoria da atribuição. Procuram-se os significados atribuídos ao conceito de stress por
aqueles profissionais, actores organizacionais que podem de facto decidir como e quando
intervir, de forma a explorar se o modo como eles pensam influencia aquilo que fazem em
termos de intervenções preferencialmente realizadas. Foram realizados dois estudos. No
primeiro, realizaram-se entrevistas semi-estruturadas a 6 profissionais de Recursos Humanos
e a 4 profissionais de Medicina do Trabalho de diversas empresas. Foi ainda pedido a estes
profissionais que avaliassem a utilidade de um conjunto de intervenções e que indicassem
quais já haviam sido realizadas nas empresas a que pertencem. Os dados do segundo estudo
foram recolhidos através de questionários online, aos quais responderam 21 estudantes das
áreas de RH e 8 profissionais das mesmas áreas. Este questionário focava-se igualmente nas
percepções de stress e na avaliação da utilidade das mesmas intervenções.
Os resultados indicam que aqueles profissionais não assumem a responsabilidade
directa de lidar com o stress no trabalho, justificando-o pela existência de um conjunto de
obstáculos à sua acção e pela crença de que o stress é inevitável. Não foi encontrada uma
relação directa entre a utilidade atribuída às intervenções em stress e a sua real
implementação. As perspectivas dos estudantes tendem a estar mais próximas das “boas
práticas” defendidas na literatura. Apresenta-se uma discussão dos resultados e sugerem-se
algumas pistas para futuros estudos.
en
The present study is aimed at HR Managers and Work Health professionals perceptions
of work stress. Based on lay theories and attribution theory ideas, the meanings and ideas of
the professionals who may actually decide how and when to intervene on work stress are
explored, in order to understand if the way they think about it shapes or influences what they
do, namely the kind of interventions they choose to do. Two different studies were made. On
the first study, semi-structured interviews were conducted with a sample of 6 HR Managers
and 4 Work Health professionals from several companies. These professionals were later
asked to evaluate the perceived utility of some interventions. Data gathering on stress
interventions that have been done on those companies was also collected. The data from the
second study was gathered by an online survey, answered by 21 HR students ans 8 HR
professionals. They were also asked about the meaning of stress and to evaluate the utility of
the same interventions.
Results show that those professionals do not take personal responsibility for managing
work stress, a standpoint justified by the existence of a series of perceived obstacles and by
the idea that stress is inevitable. A direct relationship between the perceived utility of stress
interventions and its implementations was not found. Students tend to have opinions that are
more in line with the “good practices” found in the literature. Implications of these findings
are discussed and suggestions for further.