Título
O imaginário social em Portugal: Uma análise da construção de saberes, das relações de poder e dos modos de subjetivação
Autor
Gomes, Mariana Selister
Resumo
pt
Esta Tese analisa o imaginário social em Portugal, buscando perceber: os
elementos que o compõe; as relações de poder imbricadas e como se constituem em racismo e
sexismo; o seu impacto nas experiências de brasileiras imigrantes; e, os modos de
subjetivação destas mulheres em Portugal. Empreende-se uma investigação teórica e empírica,
organizada a partir do tripé analítico de inspiração foucaultiana: saber – poder –subjetivação.
No primeiro capítulo desenvolve-se a perspectiva teórica e metodológica, a qual relaciona as
perspectivas foucaultiana, feminista, descolonial e interseccionada; e, reflete sobre migrações,
turismo, imaginários e a produção da diferença. Nos capítulos segundo e terceiro – através de
entrevistas, análise documental e observação participante – analisa-se a construção da ordem
discursiva de saber-poder em Portugal. Mapeiam-se os discursos
turísticos e culturais (no terceiro capítulo) e os discursos do universo migratório (no segundo
capítulo). No quarto capítulo investiga-se – através de entrevistas, observação participante e
auto-etnografia – o modo como esta ordem discursiva afeta a experiência migratória de
brasileiras, bem como, as diferentes formas de resistência a este discurso hegemônico, através
das narrativas dos sujeitos. As conclusões apontam que as mulheres brasileiras são vistas
como “corpo colonial” em Portugal, na medida em que são definidas, essencializadas e
estigmatizadas através de características atribuídas desde o colonialismo histórico,
relacionadas com a hipersexualidade. Referente aos modos de subjetivação identifica-se três
formas pelas quais estas mulheres resistem e reexistem ao discurso hegemônico construído
sobre elas: resistência passiva, afirmativa e combativa. O argumento central consiste em
afirmar que: não sendo substantivo, nem essencial, é antes de tudo uma
construção social, discursiva e performática, imersa em relações de poder históricas e em
modos de subjetivação sempre reconstruídos.
en
This thesis analyses the social imaginary in Portugal, to explain: its
constituing elements, the power relations involved and how they turn into forms of racism and
sexism, its impact on the experiences of Brazilian female immigrants, and the modes
subjectivity of these women in Portugal. It was carried out through a theoretical and empirical
research, based on a analytical tripod of Fouculdnian inspiration: knowledge - power-subjectivity. The first chapter developed the theoretical and methodological perspective,
relating the Foucauldian, feminist, decolonial and intersectionality perspectives, reflecting on
migration, tourism, imaginaries and the production of difference. The second and third
chapters - using interviews, documental analysis and participant observation - analyzed the
construction of the discursive order of knowledge-power in Portugal. It
mapped the tourist and cultural discourses (chapter 3) and the discourses about migration
(chapter 2). The fourth chapter investigated – using interviews, participant observation and
auto-ethnography - how the discursive order, affects the migratory experience of Brazilian
Women, as well as the different forms of resistance to this hegemonic discourse, through the
narratives of the involved subjects. The findings indicate that Brazilian women are seen as
"colonial body" in Portugal. They are defined, essentialized and stigmatized through
characteristics attributed by colonial history, related to hypersexuality. Regarding the modes
of subjectivity, three types were identified illustrating the ways these women resist and re-exist the hegemonic discourse: passive, affirmative and combative resistance. The central
argument is that: not being substantive nor essential is above all a social
construction, discursive and performative, embedded in historical power relations and
reconstructed modes of subjectivity.