Título
Paraísos desfocados: nostalgia empacotada e conexões coloniais em Malaca
Autor
Pires, Ema Cláudia Ribeiro
Resumo
pt
Este trabalho explora relações entre processos de folclorização e a produção de nostalgia entre
os portugueses de Malaca. Uma primeira linha argumentativa explora conexões coloniais entre
agentes do Estado Novo português e o grupo. Baseada em pesquisa documental e etnográfica,
demonstra-se como as práticas de folclore de Portugal foram introduzidas no século XX em
Malaca, por euroasiáticos e agentes coloniais. O trabalho aprofunda as circunstâncias dessas
conexões coloniais e alguns dos seus impactos culturais, com expressão visível a partir de
1952. Uma segunda linha de análise estuda o processo de construção social do espaço do
bairro portugues de Malaca (1929-2009), em relação com o processo turístico na Malásia
Ocidental contemporânea. Discute-se o processo de apropriação social do espaço por várias
categorias de pessoas e argumenta-se que, desde a sua produção colonial até à sua
reapropriação contemporânea, coexiste uma retórica de nostalgia empacotada subjacente aos
usos do espaço.
en
This work explores relationships between processes of folklorization and the production of
nostalgia among the Malacca Portuguese. A first line of argument explores colonial connections
between this group and agents of the Portuguese New State. Based on documentary research
and ethnographic fieldwork, I demonstrate how folklore practices from Portugal were introduced
in Malacca in the twentieth century, by Eurasians and colonial agents. My work focuses on the
circumstances surrounding these colonial connections, and some of their cultural impacts,
particularly visible since 1952. A second line of analysis deals with the social construction of
space in Malacca’s Portuguese Settlement (1929-2009), in relation to the tourism process in
contemporary West Malaysia. I discuss how different categories of persons appropriate space. I
argue that, from its colonial production right up to its contemporary re-appropriation, the uses of
space are characterized by an underlying rhetoric of packaged nostalgia.