Título
O espaço entre as palavras. Antropologia de uma comunidade no sul de Moçambique
Autor
Pombo, Pedro Manuel Sobral
Resumo
pt
Esta pesquisa consiste num estudo antropológico de Macasselane, aldeia no Sul de Moçambique,
analisando como a sua paisagem e território integram lugares e sentimentos de pertença,
incorporando também os processos históricos de que esta região foi palco desde as primeiras
décadas do século XIX. Duas palavras utilizadas pela população, ‘ruínas’ e ‘aldeia’, indicam
simultaneamente duas espacialidades diferentes e sentimentos de identificação construídos em torno
de lugares particulares, que contêm as histórias familiares de quem aí habita e a própria história da
aldeia.
Sustentada por uma etnografia que colocou em diálogo íntimo os arquivos históricos e o terreno, esta
investigação desenvolve-se no cruzamento do campo da análise social com uma análise espacial,
tornando central as relações entre espaço e sociedade, entre texto e cartografia. Esta intersecção
analítica deu corpo ao estudo e estruturou o texto, oferecendo uma leitura a diferentes escalas que,
por sua vez, manifestam as relações existentes entre a aldeia e geografias mais amplas.
Abrindo-se à dimensão sensorial do universo de Macasselane, nos gestos quotidianos, cores,
texturas e narrativas dos seus habitantes, esta pesquisa pretende colocar em evidência como este
lugar particular traduz, na sua paisagem natural e humana, os processos históricos e marcadores
identitários que têm sido vividos pela comunidade que aqui vive, questionando fronteiras temporais e
dicotomias terminológicas. Deste modo, a análise a uma escala reduzida de uma aldeia
moçambicana traz-nos dados que a inserem num enquadramento geográfico muito mais vasto,
incorporando na sua paisagem a própria história do país.
en
This research is an anthropologic study of Macasselane, a village in Southern Mozambique, analysing
how its landscape and territory embody places and senses of belonging, as well the historic processes
this region has lived from the first decades of the Twentieth Century. Two words used by its
inhabitants, ‘ruins’ and ‘village’, point out simultaneously two different spacialities and senses of
identification built around particular places, which embody the family histories of its inhabitants and the
own village’s hstory.
Sustained by an ethnography that mediated an intimate dialogue between historical archives and
ethnographic field, this research develops through the crossing of social and spacial analysis, turning
central the relations between space and society, between text and cartography. This analitical
intersection built this study and structured this text, providing a reading in different scales that manifest
the existent connections between this village and wider geographies.
Opening the research to the sensorial universe of Macasselane, daily gestures, colors, textures and
the narratives of its inhabitants, this study pretends to highlight how this particular place translates, in
its natural and human landscape, the historical processes and identity markers that this community
has been living through time, questioning temporal boundaries and dicotomic terminologies. In this
way, the analysis in a small scale of a Mozambican village brings us data that places it in a wider
geographical context, embodying in its landscape the history of Mozambique.