Título
O Movimento Popular de Libertação de Angola, o primeiro governo angolano e o reforço do autocratismo com o 27 de Maio de 1977
Autor
Reis, Palmira dos Santos
Resumo
pt
Com o advento dos movimentos nacionalistas africanos e por pressão dos organismos
internacionais, Portugal, não podendo continuar a "mascarar" a existência de colónias com a
denominação de "províncias", concede a independência aos seus territórios ultramarinos, logo depois
da revolução de 25 de abril de 1974.
Em Angola, o sentimento nacionalista pró-independência já estava em marcha, sobre a forma
de luta armada desde 1961.
Inicialmente, apenas dois movimentos independentistas lutavam contra o exército português, o
Movimento de Libertação de Angola (MPLA) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA),
quer no terreno, quer através de ações se sensibilização dos dirigentes nacionalistas, que se encontravam
exilados. Em 1966 é criada a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
São aqueles três movimentos que, depois dos Acordos de Alvor, são chamados a tomar posse
como Governo Transitório, até à preparação e proclamação da independência, marcada para a data de
11 de novembro de 1975.
Não foi isso que aconteceu e o MPLA, de Agostinho Neto, proclamou, unilateralmente, a
independência da República Popular de Angola.
Esta dissertação pretende contribuir com a análise do perfil de Agostinho Neto, enquanto líder
do MPLA, na clandestinidade, e depois, já como primeiro presidente de Angola, para o entendimento
da execução da sua política, e o endurecimento da mesma, após a tentativa de golpe de estado a 27 de
Maio de 1977. O MPLA, desde muito cedo que sofreu dissidências e Agostinho Neto, enquanto seu
presidente, conseguiu sempre anulá-las a seu favor, reservando para os líderes da oposição penas
severas, quando não a eliminação física, antes e depois da independência.
O drástico episódio do 27 de Maio de 1977 em Angola foi um exemplo de como o choque entre
duas personalidades, Agostinho Neto e Nito Alves, que lutaram pela independência na clandestinidade,
e pertencendo ao mesmo movimento, tinham formas distintas de entender a "Revolução Socialista".
en
Immediately after the Revolution of 25th of April in 1974, coupled with the both the advent of
the African Nationalist movement and the increasing pressure being exerted by international
organizations, Portugal could no longer "mask" the existence of colony´s with a "provincial"
denomination, the matter of independence of it´s overseas territories had to be addressed.
Nationalist sentiment for pro-independence was however, already under way in Angola since
1961, in the guise of the armed struggle.
Initially, only two independent movements fought the Portuguese army, namely, The
People's Movement for the Liberation of Angola (MPLA) and The National Liberation Front of Angola
(FNLA). They not only wanted to claim land but raise awareness through sensitization of nationalist
leaders which were exiled. The National Union for the Total Independence of Angola (UNITA) was
formed, just, in 1966.
Only these three movements, were called upon, after the Agreement of Alvor, to take office
as Transitional Government, during the preparation and proclamation of Independence, scheduled for
the 11th November 1975.
That is, however, not what happened. The MPLA, lead by Agostinho Neto, unilaterally
proclaimed the Independence of the People's Republic of Angola.
This dissertation intends to analyze the profile of Agostinho Neto, his clandestine operations
whilst leader of the MPLA, and thereafter as the first President of Angola.
We examine the implementation of his policies as well as the concretization thereof after the attempted
coup de etat on the 27th May 1977.
The MPLA suffered much internal disharmony from very early on, and, whilst in power,
Agostinho Neto, somehow managed to nullify them in his favor. He imposed severe penalties on the
opposition leaders both before and after independence, the severity of which could include death.
The massacre in Angola on the 27th May 1977 serves as a horrific example of the egoistic,
the clandestinely clash between two personalities, Agostinho Neto and Nito Alves, fighting for
independence, which, whilst belonging to the same movement, embodied a paradoxical understanding
of the term "Socialist Revolution".