As microagressões são uma forma sutil de discriminação, expressas sob ofensas, insultos e invalidações e dirigidas a grupos sociais minoritários, marginalizados e discriminados. As microagressões são frequentemente perpetuadas de modo inconsciente, sendo socialmente normalizadas e naturalizadas. O presente estudo qualitativo incide sobre as situações de microagressão vividas por mulheres de diversas identidades interseccionais (mulheres brancas, mulheres negras, mulheres imigrantes, mulheres heterossexuais, mulheres LGBTQ+, e mulheres com diversidade funcional) no contexto de saúde português. A investigação foi conduzida através de entrevistas semiestruturadas, baseadas na "técnica de incidentes críticos". Participaram dezassete mulheres que se identificaram como feministas, ativistas e/ou envolvidas em organizações não governamentais e outras organizações ativamente comprometidas em causas sociais. Foi usada análise temática e análise de conteúdo aos dados recolhidos com o objetivo de identificar, entender e analisar as diversas formas de microagressão (microinsultos, microinvalidações, microassaltos), níveis de manifestação (verbal, não-verbal/comportamental, ambiental) e temas das microagressões perpetuadas no contexto de saúde português. No fim da dissertação, e com base nas informações obtidas, foram criadas vinhetas exemplificando alguns incidentes críticos, tendo em vista a sua implementação em programas de intervenção e formação para a diversidade.

Microaggressions are subtle forms of discrimination, expressed in slights, insults, invalidations and indignities directed to minority, marginalized and discriminated groups. Microaggressions are often unconsciously perpetrated, socially normalized and naturalized. The present qualitative study aimed to analyze and understand the microaggressive incidents experienced by women with different intersectional identities (White women, women of Color, immigrant women, straight women, LGBTQ+ women, functionally diverse women) in the Portuguese healthcare context. Semi-structured interviews, centered around the Critical Incident Technique, were conducted. Seventeen women that self-identified as feminists, activists and/or that were engaged with NGOs and organizations actively committed to social causes, participated in the study. Content and thematic techniques for qualitative analysis were used in order to recognize the different microaggressive forms (microinsults, microinvalidations, microinvalidations), levels of manifestation (verbal, nonverbal/behavioral, environmental) and themes perpetrated in the healthcare context. At the end of the study, and based on the information collected, brief vignettes showcasing critical incidents were created with the potential of being implemented in diversity training programmes.