Título
Os impactos das catástrofes naturais na agricultura de pequena-escala e a agricultura pós-catástrofe
Autor
Bernardo, Sara Matos Coelho
Resumo
pt
O conceito de Catástrofe Natural, um conceito nada estanque e alvo de diferentes interpretações, tem vindo a desenvolver-se de acordo com a evolução da própria história da humanidade. Tal como as sociedades modernas tomam o lugar das ancestrais, também este conceito foi evoluindo à luz dessa lógica. Atualmente, a Catástrofe Natural assenta na ideia de construção social, na medida em que não basta ocorrer um evento natural (tsunamis, ciclones, secas, etc.) para que haja uma Catástrofe Natural, é preciso, antes de mais, que haja uma comunidade vulnerável que não tendo as condições necessárias para manter o seu funcionamento mediante um evento natural, acaba num cenário de caos, perdas e danos.
O sector agrícola é um dos que absorve grande parte dos impactos. Especificamente, os agricultores de pequena-escala, pela sua vulnerabilidade, acabam por sofrer penosos impactos que são muitas vezes sinónimo da perda total das colheitas que asseguravam a sua subsistência diária.
Naquele que é o processo de superação, deparámo-nos com o desalinhamento daquelas que são as propostas provenientes da arena de atores externos. Se, por um lado, estas visam uma mitigação dos impactos imediatos, por outro lado, verificou-se que a especificidade de cada comunidade é negligenciada, resultando em intervenções desalinhadas com o contexto territorial.
Concluímos que o retorno às práticas agrícolas reflete mais a capacidade das comunidades em lidar com a rutura instaurada pela Catástrofe e não tanto o sucesso das intervenções externas. A agricultura Pós-catástrofe reflete acima de tudo a resiliência de cada uma das comunidades.
en
The concept of Natural Disaster, a non-watertight concept and a target of different interpretations, has developed according to the humanity evolution itself. Just as modern societies are taking the place of ancestors societies, this concept has also developed according to this logic. Nowadays, the Natural Disaster concept is based on the idea of a social construction- it is not enough to occur a natural event (tsunamis, cyclones, droughts, etc.) for a Natural Disaster to happen, first and foremost, there must be a vulnerable community that, without the essential conditions to maintain its operation through a natural event, ends up in a scenario of chaos, losses and damages.
Amongst all the sectors, the agricultural one absorbs a significant percentage of the impacts. Specifically, small-scale farmers, due to their vulnerability, end up suffering substantial impacts which often represent a total loss of the crops that would provide their daily livelihoods.
In the process of overcoming the disaster scenario, we came across with proposals from external actors that are misaligned with the communities’ reality. On one hand, they are able to mitigate immediate impacts, on the other hand, the specificity of each community is neglected, resulting in interventions that are misaligned with the territorial context.
Therefore, we conclude that the return to agricultural practices reflects the communities' ability of dealing with the disruption caused by the disaster rather than the success of external interventions. Post-disaster agriculture reflects most of all each community resilience.