Título
A coexistência da autonomia e da autoridade em contexto organizacional: a perceção de chefias intermédias
Autor
Silva, Maria de Fátima Gonçalves Pereira
Resumo
pt
A relação entre a autonomia e a autoridade em contexto organizacional é complexa: se por um
lado se espera que os indivíduos desempenhem as suas funções com autonomia, por outro élhes
pedido obediência à autoridade em que estão alocados. Complexidade que ganha relevo
pela inquestionável existência de ambas (co-existência), devido ao respetivo contributo positivo
para a organização.
O presente estudo explorou o modo como cada um dos fenómenos é valorizado por pessoas que
são simultaneamente indivíduos que exercem autoridade e indivíduos que estão sujeitos à
autoridade, mas que beneficiam de bastante autonomia. O recurso à pesquisa qualitativa, com
entrevista a 15 pessoas que exercem no seu dia-a-dia profissional a função de chefia intermédia,
permitiu identificar as dimensões do trabalho que os entrevistados enquanto autoridade esperam
que os seus subordinados desempenhem com autonomia, mas também, e em particular, as
dimensões/circunstâncias em que a autoridade é, mais do que aceite, desejada pelos
entrevistados enquanto subordinados autónomos.
Rompendo com a abordagem mais frequente na literatura, que parte do pressuposto da
existência de um conflito entre autonomia e autoridade, o estudo clarificou que os indivíduos
que exercem autoridade esperam que os seus subordinados usem a sua autonomia para adequar
as várias dimensões do seu trabalho à dinâmica da organização. Por sua vez, os subordinados
autónomos desejam que as chefias exerçam a sua autoridade, sobretudo, em situações de
incerteza, de conflito, ou em situações sensíveis.
en
The relationships between autonomy and authority in organisational contexts are complex: on
the one hand, individuals are expected to perform their functions with autonomy, on the other
hand, they are required to obey whatever authority they report to. Such complexity takes on
unquestionable relevance given their mutual existence (coexistence) within the scope of
positively contributing towards the respective organisation.
This study explores the ways in which each facet is valued by persons who simultaneously hold
positions exercising authority while nevertheless remaining subject to authority within the
framework of substantial autonomy. Recourse to qualitative research, with interviews of 15
persons who, in their professional daily lives, engage in intermediate management roles,
enabled the identification of the working dimensions that these respondents as authority
expected their subordinates perform with autonomy, and, in particular, the
dimensions/circumstances under which authority becomes not only accepted but also actively
desired by otherwise autonomous subordinates.
Breaking with the most common approach in the literature, which assumes the existence of
conflict between autonomy and authority, this study clarifies how individuals exercising
authority expect their subordinates to adapt the various dimensions of their work to the
prevailing organisational dynamic. In turn, autonomous subordinates seek the intervention of
their bosses, for example in situations of uncertainty, of conflict or when faced by sensitive
issues.