Título
Consumo de açúcar em crianças em idade escolar: perspetivas dos professores do ensino básico
Autor
Gomes, Mariana Brasão
Resumo
pt
Os hábitos alimentares desenvolvidos na infância tendem a manter-se durante a vida adulta, a escola
é um ambiente privilegiado para a educação alimentar. O presente estudo explorou a perceção dos
professores do ensino básico português (n = 563) sobre: (1) os hábitos alimentares e o consumo de
açúcar dos seus alunos, e (2) o seu papel na promoção de hábitos alimentares saudáveis e de redução
do consumo de açúcar. Para tal, foi utilizado um questionário online desenvolvido para este estudo.
Os resultados revelaram que menos de metade das escolas, onde os participantes lecionam,
participam em programas de promoção de hábitos alimentares saudáveis (41.8%) ou seguem
recomendações formais sobre os lanches trazidos de casa (17.8%). Ainda assim, a generalidade dos
participantes integra temas relacionados com a alimentação nos conteúdos programáticos das suas
áreas curriculares (74.8%). Adicionalmente, o consumo de açúcar foi percebido como elevado e
preocupante, associado a impactos negativos no bem-estar físico e psicológico das crianças (e.g., cáries
dentárias). No geral, a alimentação disponibilizada às crianças (e.g., bufete) é percebida como pouco
saudável (51%). Os professores estão atentos a caraterísticas do aluno (e.g., peso percebido) que o
levam a intervir no âmbito dos hábitos alimentares. Como esperado, a escola e o professor foram
considerados agentes fundamentais na inversão do padrão de consumo das crianças. As contribuições
deste estudo projetam que futuras intervenções na área da educação alimentar deverão privilegiar a
elaboração de diretrizes sobre a alimentação distribuída dentro da sala de aula e o estreitamento da
relação escola-encarregado de educação.
en
Eating habits developed in childhood tend to be maintained throughout adult life, and school is a
privileged environment for nutritional education. This study explored the perception of Portuguese
basic education teachers (n = 563) about: (1) their students' eating habits and sugar consumption, and
(2) their role in promoting healthy eating habits and reducing sugar consumption. To this end, an online
questionnaire developed for this study was used. The results revealed that less than half of the schools,
where participants teach, take part in programs to promote healthy eating habits (41.8%) or follow
formal recommendations about snacks brought from home (17.8%). Even so, most participants include
topics related to food in the syllabus of their curricular areas (74.8%). Additionally, sugar consumption
was perceived as high and problematic, negatively impacting children's physical and psychological
well-being (e.g., tooth decay). In general, the food provided to children (e.g., school buffet) is perceived
as unhealthy (51%). On the other hand, teachers are aware of student characteristics (e.g., perceived
weight) that lead them to intervene in eating habits. As expected, schools and teachers were
considered fundamental agents in reversing the consumption pattern of children. The contributions of
this study reveal that future interventions in the area of nutritional education should privilege the
development of guidelines on food distributed within the classroom and the strengthening of the
school-family relationship.