Título
Abuso sexual na infância: o papel da reação materna e da empatia
Autor
Gomes, Andreia
Resumo
pt
As reações sociais ao abuso sexual na infância podem manifestar-se negativamente, a
curto e a longo prazo, na saúde mental das vítimas. Neste sentido, é importante
compreender os fatores subjacentes àquelas reações. Tanto quanto é do nosso
conhecimento, a investigação não explorou, ainda, o papel da reação da figura materna
ao abuso neste contexto. No presente estudo, pretende-se explorar o efeito da reação da
figura materna ao abuso nas atribuições dos participantes face à experiência abusiva, à
vítima e ao perpetrador, bem como o papel moderador da empatia nesta relação.
A amostra é constituída por 256 indivíduos (80.9% do sexo feminino), com idades
compreendidas entre os 18 e os 65 anos (M = 35.48; DP = 11.83). Os participantes
preencheram um conjunto de questionários que permitiram avaliar caraterísticas
sociodemográficas, empatia e as atribuições realizadas após a leitura de uma de três
vinhetas em que a reação materna é manipulada (protege a vítima vs. culpa a vítima vs.
nega a ocorrência do abuso).
Os resultados revelaram que a reação da figura materna prediz apenas a atribuição de
culpabilidade ao perpetrador e, contrariamente ao esperado, as diferenças encontram-se
entre as reações de culpa e negação do abuso. Especificamente, os participantes atribuem
mais culpa ao perpetrador quando a figura materna culpabiliza a criança pelo abuso do
que quando nega a sua ocorrência. Por outro lado, o papel moderador da empatia não se
revelou significativo. São discutidas hipóteses explicativas, implicações para a prática e
sugestões para a investigação.
en
Social reactions to child sexual abuse can have a negative short and long term impact on
the victims' mental health. As such, it’s important to understand the underlying factors of
these reactions. As far as we know, the research has not yet explored the role of the
maternal figure's reaction to abuse in this context. In the currentstudy we aimed to explore
the effect of the maternal figure's reaction to abuse in the attributions towards the abuse,
the victim and the perpetrator, as well as the moderating role of empathy in this
relationship.
The sample is made of 256 individuals (80.9% of the female gender), aged 18-65 (M
= 35.48; SD = 11.83). The participants field out a set of questionnaires assessing social
demographic characteristics, empathy and the attributions done after reading of one out
of three vignettes where the mother’s reaction was manipulated (protecting the victim vs.
blaming the victim vs. denying the sexual abuse).
Results showed that mother’s reaction merely predicts the perpetrator’s culpability
and, unlike expected, the differences lie in the reactions of blaming the victim and
denying the abuse. Specifically, the participants lay more culpability on the perpetrator
when the mother blames the child than when she denies the abusive experience. On the
other hand, the moderating role of empathy was not significant. Explanatory hypotheses,
practical implications and research suggestions are discussed.