Num contexto atual em que a pior fase da pandemia parece ter sido ultrapassada, a adoção de um regime de teletrabalho foi uma das medidas que veio para ficar. Desta forma, é importante analisar as implicações deste regime a nível pessoal, familiar e profissional dos indivíduos. Esta investigação tem como objetivo analisar o efeito do conflito trabalho-família (CTF) no desempenho profissional, bem como de que forma esta relação é mediada pelo engagement experienciado pelos teletrabalhadores. Para além da intenção de analisar esta relação, pretende-se ainda compreender se esta relação se manifesta de diferentes formas em função do género. De forma a responder a estes objetivos, foi utilizada uma metodologia mista, através de um questionário online que chegou a 920 indivíduos em teletrabalho e também através de entrevistas, realizadas a indivíduos que experienciaram o teletrabalho durante o confinamento, em conjunto com os seus cônjuges. Os resultados não evidenciaram a relação entre o CTF e o desempenho, mas são significativos no que diz respeito ao papel mediador do engagement. Não foi possível testar o sexo enquanto moderador, e enquanto variável de controlo, o seu papel não foi significativo, mas, por outro lado, foi evidente nos resultados qualitativos, provenientes das sete entrevistas realizadas. Estes resultados são essenciais para o potencial papel das organizações relativamente aos níveis de conflito, engagement e desempenho experienciado pelos trabalhadores, de forma a facilitar a conciliação dos domínios pessoal e profissional e, consequentemente, contribuir para a sua saúde mental e profissional.

In a context in which the worst phase of the pandemic seems to have been overcome, the adoption of telework was one of the measures that came to stay. Therefore, it is important to analyze the implications of this professional regime at the personal, familiar and professional levels for individuals. This investigation aims to study the effect of work-family conflict (WFC) on professional performance and to understand how this relationship is mediated by the engagement experienced by remote workers. In addition to the intention of analyzing this relationship, this study also intends to understand how it affects each gender differently. In order to respond to these goals, we used a mixed methodology, through an online questionnaire that reached 920 remote workers and also through interviews, carried out with individuals who experienced remote work during confinement with their partners. The results do not show a significant relationship between WFC and performance, but they are significant with regard to the mediating role of engagement. It was not possible to test the variable sex as moderator, and as control variable its role was not significant, but, on the other hand, it was evident in the qualitative results from the seven interviews conducted. These results are essential for the potential role of organizations regarding the levels of conflict, engagement and performance experienced by workers, in order to facilitate the reconciliation of personal and professional domains and, consequently, contribute to their mental and professional health.