Título
Posicionando a localização: um estudo do impacto da comunicação mediada na socialidade e no sentido de espaço
Autor
Valentim, Hugo Duarte
Resumo
pt
Partindo da admissão em como a adopção das tecnologias da comunicação no quotidiano conduz
crescentemente a uma topologia social onde os espaços da informação virtual estão a ser mesclados e
engastados nos contextos materiais de tal maneira que potencialmente afectam tanto a forma como
construímos, percebemos e interagimos com os nossos selves internos como com os outros, o presente
trabalho elege como factor pivô de análise o vector espaço na assunção de que este não é neutro, mas
um constructo social que adquire significado pela deslocação, seja material e corpórea, seja
crescentemente simbólica, de dados e informação, empreendendo uma investigação teórica e empírica
nas diversas escalas de impacto: global, institucional, grupal e individual. Após escrutínio de conceitoschave das discussões passadas sobre a natureza dos universos físico e virtual, demonstra-se a
obsolescência da sua clivagem através da análise de um conjunto de práticas empíricas paradigmáticas
de como os média móveis locativos, facilitando a introdução da localização na comunicação, deram
renovada forma à definição da situação e ao nosso sentido de lugar, tanto em termos da geografia como
do posicionamento social, impactando a experiência do mundo vivido e a forma como a socialidade e o
diversos tipos de capital são perseguidos no seu seio. Os dados recolhidos, em especial o questionário
aplicado aos praticantes do jogo móvel locativo geocaching, remetem para a necessidade de reforçar o
estudo das práticas de integração sobre a interacção como fenómenos chave e para o abandono da
perspectivação dos espaços tecnologicamente orientados como autónomos, enquadrando-os antes como
sendo a prossecução das motivações e interesses pessoais por outros meios.
en
Contrary to the metaphysics of presence under which physical and virtual spaces were once
perceived as conflicting in nature, the central tenet pursued in this study rests upon the assumption that
current mobile locative media are appropriated by its users as means to reinforce the struggle for social
positioning, allowing them to ascertain, communicate and tentatively manipulate their senses of
distinction, place and worth through the prosumption of space in collaborative platforms. Vehicles for
claiming individuality while exhibiting both taste and motility (the ability to be mobile) as a valorised
social asset in line with the glass cage crafted by the connexionist spirit.
Our work, therefore, proposes a scalar approach to the impacts of the introduction of location in
communication electing power and status mechanisms as pivotal. Relying mostly on Lefebvre’s and
Bourdieu’s concepts of spatial and symbolic violence, of space as a threefold historical product, social
life as a topology of rank and hybrid tools and practices as harbouring simultaneously structured and
structuring potentials, the emergence of digital mass self-communication and the geospatial web, in turn
made possible by the converge of GPS, GIS and mobile networks, can be understood as part of an overall
spatial fix undertaken under the so called digital network economy. A trend to further abstract space and
value and an instrument to commodify the constitution of the self itself. One where, relying on principles
not unfamiliar to a Ponzi scheme, the individual is allured to the spectacle and, through the suggestion
of personal branding as the natural attitude, the structure of feeling and the technical code of
informational, reflexive capitalism permeate culture and individuals, leading to the depiction of its
isomorphism in everyday life in unexpected, mostly unconscious, ways. Insuring the homology between
the social, technological, economical and domination apparatuses.