Título
A mulher em Maputo: Dimensões antropológicas de género e reprodução
Autor
Pondja, Clélia Francelina Ozias
Resumo
pt
O presente estudo apresenta os resultados de uma investigação etnográfica sobre o modo
como o sistema de representações socioculturais e simbólicas exercem influências na
construção de formas de pensar e agir da mulher-mãe de KaMpfumo e KaTembe, em
Maputo. Depois de uma breve caraterização social do grupo em estudo, questionam-se os
fatores que condicionam as relações que estas mulheres estabelecem com o sistema de saúde
convencional (biomédico) quando se fala de trajetórias de pessoas em busca de soluções de
saúde reprodutiva, mais especificamente, quando se trata da qualidade na prestação de
cuidados primários de saúde durante a gravidez e parto. Argumenta-se que a relação das
mulheres estudadas com a pluralidade de sistemas terapêuticos é condicionada por fatores
diversos, como tradição cultural, educação, religião, pobreza, migração, história colonial, e
políticas públicas de saúde, impulsionadas pela perceção dos códigos simbólicos da causa da
doença (fatores físicos e causas sociais) e crença da eficácia dos remédios e terapias.
Procurou-se demostrar que as novas abordagens empregadas pelo MISAU no âmbito da
melhoria dos cuidados de saúde materno e infantil, apesar das boas iniciativas, como a
maternidade modelo (IMM) e o parto mais humanizado (2011), ainda continuam longe de
atingir os seus propósitos pretendidos, por razões de deficiência ao nível infraestrutural, dos
recursos humanos e materiais.
en
This study shows the results of an ethnographic research concerned with how the sociocultural
and symbolic representations system influences the ways of thinking and acting of
KaMpfumo and KaTembe woman-mother in Maputo. After a brief characterization of the
referred social groups, the factors that influence the relationships that these women have
with the conventional health system (biomedical) are called into question, namely regarding
the trajectories of people who seek reproductive healthcare solutions as well as the quality in
the provision of primary healthcare during pregnancy and childbirth. It is argued that the
relationship between the women from this research and the plurality of the therapeutic
systems is conditioned by several factors, such as cultural tradition, education, religion,
poverty, migration, colonial history, and public health policies, which are driven by the
perception of the symbolic codes of the disease (physical and social factors) and by the
beliefs of the efficacy of medicine and therapies. The findings on this point sought to
demonstrate that new approaches employed by the MISAU under the improvement of
maternal and child health care, despite good initiatives such as the new maternity (IMM) and
more humanized birth (2011), are still far from reaching the intended purposes, due to
infrastructural ineffectiveness and scarce.