Título
Efeito do arrependimento na tomada de decisão em contexto de julgamento moral
Autor
Andrade, Diogo
Resumo
pt
A relação entre a emoção e a tomada de decisão tem sido amplamente estudada ao longo dos anos (e.g. Damasio, 1994; Loewenstein & Lerner, 2003; Pfister & Böhm, 2008). O arrependimento é uma emoção tipicamente sentida em resposta a decisões que produzem resultados indesejados, comparados àqueles que a opção rejeitada teria produzido (Zeelenberg, 1999a), e pode influenciar o comportamento das pessoas após a decisão, fazendo-as tentar desfazer a decisão da qual se arrependeram (Gilovich & Medvec, 1995); ou antes da decisão, fazendo-as antecipar o arrependimento que poderão sentir mais tarde caso tomem a decisão errada (e.g. Bell, 1982). A presente investigação procura contribuir para a escassa literatura existente sobre a relação entre o arrependimento e a tomada de decisão em contexto de julgamento moral. Para tal, recorremos a dois dilemas morais, baseados no dilema clássico de Foot (1967), no qual o participante tem de escolher entre intervir para salvar cinco pessoas sacrificando uma (escolha utilitária; Mill, 1859), ou não intervir. Os resultados demonstraram que a indução de arrependimento fez diminuir a confiança na decisão tomada (maioritariamente, uma escolha utilitária; e.g. Greene et al., 2001); mas, ao contrário do esperado, não houve uma redução significativa na probabilidade de escolha utilitária num dilema moral subsequente. Estes dados parecem reforçar a teoria do duplo-processo de julgamento moral (Greene et al., 2001, 2004, 2008), que sugere que o julgamento moral é mediado por dois processos cognitivos distintos: dilemas morais utilitários, tais como os dois utilizados no presente estudo, são mediados por processos cognitivos mais racionais sobre os quais a emoção tem menor influência, enquanto dilemas deontológicos são controlados por respostas emocionais intuitivas. Desta forma, o presente estudo pode representar um contributo para o debate sobre esta teoria.
en
The relationship between emotion and decision making has been widely studied throughout the years (e.g. Damasio, 1994; Loewenstein & Lerner, 2003; Pfister & Böhm, 2008). Regret is an emotion typically felt in response to decisions that produce unwanted results, compared to those that the rejected option would have produced (Zeelenberg, 1999a), and may have an impact in the behavior of people after the decision, making them try to undo the decision which they regret (Gilovich & Medvec, 1995); or before the decision, making them anticipate the regret that they may later feel if they make the wrong choice (e.g. Bell, 1982). This investigation looks to contribute to the lack of literature about the relationship between regret and decision making in the context of moral judgement. For this, we used two moral dilemmas, based on Foot’s (1967) classical dilemma, in which the participant must choose between intervening to save five people by sacrificing one (utilitarian choice; Mill, 1859), or not intervene. The results show that the induction of regret caused participants to lose confidence in the decision taken (mostly, a utilitarian choice; e.g. Greene et al., 2001;); but contrary to what was expected, there wasn’t a significant reduction in the probability of utilitarian choice to the next moral dilemma. This data appears to endorse the dual-process theory of moral judgment (Greene et al., 2001, 2004, 2008), which suggests that moral judgment is mediated by two different cognitive processes: utilitarian moral dilemmas, like the two used in this study, are mediated by more rational cognitive processes in which emotion has a lesser influence, while deontological dilemmas are mediated by intuitive emotional responses. In this regard, the present study may represent a contribution to the theory’s debate.