Título
O papel da automação e das cooperativas para uma redistribuição solidária de tempo livre
Autor
Nóbrega, João Paulo Caldeira
Resumo
pt
A investigação aqui exposta procura compreender como é que as tecnologias de
automação podem ter um papel alternativo, além de incrementar os resultados de
processos produtivos em vários aspetos. Explora-se a possibilidade de poder servir uma
reorganização dos tempos livres mais solidária, libertando mais tempo para os
trabalhadores, em detrimento de uma utilização economicista, dominada por objetivos
de aumento de produção e excedente. Para tal é convocada a figura do cooperativismo,
em diálogo com as matrizes da Economia Social e da Economia Solidária, como
potenciais contextos de concretização. No processo procura-se perceber que valores e
fatores se apresentam com influência relevante, partindo de um quadro teórico
estruturado pelos conceitos de trabalho, solidariedade, economia social, economia
solidária, cooperativismo e automação.
No corpo empírico confrontam-se um conjunto de elementos candidatos, com as
perspetivas de observadores privilegiados das esferas do trabalho, cooperativismo e
automação. E com a realidade da Alter-Conso, uma cooperativa francesa de produção
e distribuição de produtos agropecuários, analisada em estudo de caso.
Do exercício global extrai-se que as cooperativas podem ser promotoras mais
ativas no uso solidário da automação para libertação e redistribuição de tempo livre.
Mas para tal, o enquadramento da economia solidária parece ser mais favorável, pelo
papel de alternativa e resistência, práticas e valores que propõe e promove. Nota-se
também a relevância da influência de uma predisposição coletiva dinâmica, focada na
redução da penosidade do trabalho, na Alter-Conso.
en
The research presented here seeks to understand how automation technologies can
play an alternative role, beyond increasing the results of production processes in various
aspects. It explores the possibility of being able to serve a more solidary reorganization
of free time, releasing more time for workers, at the expense of an economic approach
dominated by the objectives of increasing production and surplus.
To this end, the figure of cooperativism is summoned, in dialogue with the
matrices of the Social Economy and Solidarity Economy, as potential contexts for implementation. In the process, it is sought to understand which values and factors have
a relevant influence, starting from a theoretical framework structured by the concepts of
work, solidarity, social economy, solidarity economy, cooperativism and automation.
In the empirical body, a set of candidate elements are confronted, with the perspectives
of privileged observers in the spheres of work, cooperativism and automation. And with
the reality of a french cooperative for the production and distribution of agricultural and
livestock products, Alter-Conso, analyzed in a case study.
The global exercise indicates that cooperatives in general could become more active
promoters, in the solidary use of automation to release and distribute free time. But for
that, the framework of the solidarity economy seems to be more favorable, due to the
role of alternative and resistance practices and values, that it promotes and proposes to
cooperatives. Also noted is the relevant influence, of a dynamic collective predisposition,
focused on reducing the burden of work at Alter-Conso.